O Paraná voltou a sofrer nos últimos dois dias com as fortes chuvas que ocorrem com frequência nessa época do ano. Assim como em 2012 e 2013, quando as inundações afetaram diversas cidades do estado, dessa vez não foi diferente. As precipitações que começaram no sábado afetaram municípios em várias regiões do estado e provocaram ao menos 9 mortes, desabrigaram 5,6 mil pessoas, além de interromper o fluxo em estradas e deixar cidades sem energia elétrica e água.
Em reunião de emergência realizada no fim da tarde de ontem no Palácio Iguaçu, o governador Beto Richa (PSDB) anunciou que decretará, hoje, estado de emergência em 70 cidades do estado. Segundo dados da Defesa Civil, até a tarde de domingo, além das mortes, uma criança está desaparecida em Guarapuava, no Centro-Sul do estado. A região é a que registra os maiores volumes de chuva de forma concentrada, o que provocou o aumento de água de rios de diversas regiões, que saíram do leito.
Conforme o balanço das 18 horas da Defesa Civil do estado, 2.056 pessoas ficaram desabrigadas e 1.906 permaneciam em abrigos públicos. Ao todo, 3.592 ficam desalojadas (ou seja, tiveram que ser transferidas para a casa de parentes ou amigos), sendo que 49 ainda não voltaram para as suas residências. Outras pessoas que moram próximas a barragens Cavernoso II e Salto Osório, também localizadas na região Centro-Sul, estão sendo alertadas a deixar suas casas, já que há o risco de os reservatórios transbordarem. Na região de Cavernoso, 30 famílias foram retiradas do local.
Em Curitiba, 16.204 pessoas foram afetadas pela chuva, segundo a prefeitura. A partir de hoje, 70 caminhões serão colocados na rua para recolher o lixo acumulado. Ainda no sábado, o prefeito Gustavo Fruet decretou estado de alerta na cidade. Segundo a Simepar, em oito dias choveu três vezes mais que a média histórica do mês de junho. As chuvas se devem a uma frente fria que ficou estacionada sobre o estado. A previsão é que elas continuem na próxima semana. Até agora, 16 municípios receberam ajuda humanitária, como cesta básicas, colchões e cobertores. Richa afirmou também que solicitou ajuda do governo federal.
O governo informou ainda que disponibilizou dois helicópteros para ajudar as ações em Guarapuava. Segundo informações do Diário de Guarapuava, devido às interdições nas rodovias da região, empresas de ônibus deixaram de vender passagens de linhas que passam ou saem do município.
Sem luz
Conforme a Copel, as chuvas deixaram ao menos 70 mil residências sem energia. As regiões mais afetadas foram a Oeste (23 mil) e a Centro-Sul (23 mil). Em Curitiba e região, 2,3 mil moradias ficaram sem energia. Já a Sanepar informou que 11 municípios tiveram problemas de abastecimento de água. Segundo a empresa, caminhões pipa foram enviados para algumas destas cidades.
Evitar desastres é “questão complexa”
Para o coordenador estadual da Defesa Civil do Paraná, Coronel Adilson Castilho Casitas, evitar novos desastres ocasionados pelo excesso de chuvas é uma “questão complexa”. De acordo com ele, apesar dos investimentos do governo em ações e equipamentos, a prevenção de acidentes depende de outras questões, como o desassoreamento dos rios e da realocação de famílias que vivem em áreas de risco para outros locais.
O coronel diz que a Defesa Civil do estado implantou em 100 municípios um plano de contingência para levantar quantas pessoas moram em encostas e margens de rios e removê-las. A estimativa é que o plano chegue aos 399 municípios do Paraná até o fim deste ano. “A partir daí saberemos quantas pessoas estão instaladas em áreas de risco para realizarmos uma retirada das famílias em longo prazo.”
Em junho do ano passado, o governo lançou o Programa de Fortalecimento da Gestão de Riscos e Desastres Naturais. Entre as ações estão: a instalação de um novo radar meteorológico em Cascavel, no Oeste, para prever chuvas fortes; de estações hidrológicas na Bacia do Iguaçu, para o monitoramento do nível dos rios; e de pluviômetros no Litoral, a fim de controlar a quantidade de chuva na região. Ao todo, o investimento foi de R$ 53 milhões por meio de recursos do Banco Mundial.
Além disso, Casitas lembra que, em 2013, a prefeitura de Curitiba, em conjunto com o governo estadual, aprovou a liberação de mais de R$ 1 bilhão para o desassoreamento e a construção de lagoas de retenção ao longo da bacia do Rio Iguaçu.
Fonte: Gazeta do Povo
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